terça-feira, 30 de abril de 2013

Me deu vontade de lembrar.



  
Me dê noticia de você,
Eu gosto um pouco de chorar
A gente quase não se vê
Me deu vontade de lembrar

Me leve um pouco com você
Eu gosto de qualquer lugar
A gente pode se entender
E não saber o que falar

Seria um acontecimento
Mas lógico que você some
No dia em que o seu pensamento
Me chamou

Eu chamo o seu apartamento
Não mora ninguém com esse nome
Que linda a cantiga do vento
Já passou

A gente quase não se vê
Eu só queria me lembrar
Me dê noticia de você
Me deu vontade de voltar
(Cadê Você "Leila XIV"- Chico Buarque e João Donato)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Devaneio

Você não vai acreditar.
Talvez saiba, mas não acredita: uma quinzena passou desde da ultima pseudo-conversa. Que bobagem está escrevendo isso. Mas quem criticaria saudade em forma de letra?
Eu sabia que esse dia ia chegar. Larguei-me em lágrimas outras vezes, já me joguei, pensei, refleti, tentei, sofri e voltei então, quem esperava que assim, de repente, acontecesse o fim?
Estranho dizer fim. Fim de que?
Fim de um amor. Sim, amor. Insisto em dizer que é amor.
2012 acabou também. Mas em mim acho que foram em partes. O que me faz ficar são as lembranças. Devo te-las para sempre portanto, terei que ir me desvencilhando aos poucos e conviver de forma amigável com elas.
Lembro quando você me deu este anel aqui. Lembro que em seguida fiquei decepcionada pela "notícia" contada. Lembro e sorrio. Porque eu lembro da tua risada, do teu desconcertamento lascivo, do teu colo - aquele que eu deitava de bruços e fechava os olhos e ficava dançando parada nos batimentos do teu coração.
É tudo sinestésico. Lembranças com gosto de café, cigarro e cerveja.
Foi aproximadamente um ano. Posso dizer, apesar de te desconhecer hoje, que eu sei da tua rotina, dos teus programas, planos, pensamentos, hábitos e até tuas estações. Passamos um natal, um réveillon, carnaval, aniversários, páscoa, dias das mães, dia dos namorados, são joão, férias escolar, dia dos pais, dia da independência, círio, finados e findou-se antes mesmo de acabar.
Eu te conheço. Encarei teus medos. Mas né... na verdade, por quê estou escrevendo isso, de que importa?
Não importa mais.
Eu te acompanho de longe. E isso já me serve.


 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Animais como cobaias - Contra ou a Favor?

Me jogaram nesse labirinto de várias entradas e uma saída. Já tentei algumas, mas tudo em vão. Entre vagões continuo a andar e de tanto que já caminhei passo a ter comigo certeza que estou próxima do fim.
De tanto errar ignoro muitas possibilidades, mas cansada adentrei uma porta aberta não por escolha ou dúvida e sim,  por de repente, me perceber aqui.
Penso que algo tão involuntário é o destino dando uma chance nesse lugar que, apesar de me causar "três As" (angústia, ansiedade e absurdo), desperta em mim desejo de ser o que não fui e ter o que não sei (é bom, pois só assim vejo sentindo de continuar caminhando).
Tal qual a caixa de Skinner, posso ouvir cada ponteiro de segundo se movimentando no compasso das gotas chinesas amparadas em um balde ali mais adiante. Confesso que carregada pela vibração desse ambiente de tons azuis e de gosto de noitada de ontem com aconchego e adrenalina por horas esqueço é de mim. Aliás, aqui fico pensando: quem sou pra mim?
Sou dessa liberdade de entrar e sair e continuar a seguir ou do meu observador que aqui me deixa a mode brincar de me experimentar?
Eu sei do tempo que se passa e já há muito. Além do aceitável. 
Estou  aproveitando o que tenho por aqui. É coisa boa. É simbiose entre campos, físico e geográfico. É me sentir daqui porque só queria ter aqui. Então, pra quê sair?
Decidi não ouvir essas interrogações e me entregar a cada pedaço que vejo. Parece até que é o meu fim.
Tempo que não conta, só se sabe porque se sente. 
Se gasta, se usa, sua, tem sede e se cansa. De dormir por relaxar por se entregar. 
Mas, corre, o tempo terminou.
Acabo de sair. Estou andando de costas por ter apreço por esse que me acolheu e me libertou. Mas estou chegando próximo, pois vejo a unica porta que finalmente, me indica a saída e me suga.
Estou entre elas, neste exato momento: sempre aberta e o nunca mais.
Me viro sem olhar pra trás e acabo de sair desse labirinto que há dez meses me fez de experiência.
Adeus. Até daqui a pouco ou até nunca mais? Te amo pra sempre.




terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dia-a-dia de Mariax

Sabe, eu me pego constantemente pensando em como você está, o que está fazendo, o que tem passado, quais as novidades, se há alguma pelo menos, sobre aquele médico, sobre música, sobre como você por fim, tem se sentido.
Tenho uma curiosidade mórbida de saber com quem anda o teu sorriso e quais ouvidos estão escutando as tuas histórias.
Queria saber quais os métodos que adotaste para substituir as horas que passávamos juntos. Será que está surtindo efeito e em tão pouco tempo tu nem te lembras mais da gente?
Pensando assim, me bateu a vontade de saber se tua memória gravou nossos momentos juntos e se tua pele ainda se arrepia ao deixar se invadir por aquelas sensações que sentimos (se deixar invadir).
Receio em esquecer algo que, quando aconteceu, eu prometi que jamais esqueceria. Muito menos seria preciso forçar uma lembrança, tudo seria vivo. O ontem no hoje, o passado no presente.
Fico pensando se vais encontrar alguém que te entenda como eu te entendi. Sim, eu quis entender. Mas e essa nova pessoa, vai querer?  Será que tu terás a sensibilidade de permitir apenas pessoas que te entendam ou vais correr, mais uma vez, atrás do impossível?
Queria entender qual o sentido de me bloquear parcialmente.
O meu superego me diz que devo te deixar seguir. Que essa é a hora. É o certo. A essa altura, nem um "oi"  é permitido.
É estranho né?
Como vou fazer, de você, um estranho? Como faz alguém que, constituiu a tua história e, de repente, te parece superficial?
Com quanto tempo teu contato vai se tornar um apanhado numérico qualquer sem sentido?
Minhas pulsões mais incrustada pensou que te provocar era a melhor saída. Tu te afastarias com raiva. Era mais fácil.
Uma amiga disse que isso era notavelmente uma atitude desequilibrada de quem vive entre a razão e a emoção.
Um pouco mais de atenção e veria, na verdade, atrás disso, um grito de "eu sinto a tua falta, mas né..."
É o que me desperta. O privado versus o que me condena e me absolve.
A tristeza que combato é por não saber, afinal, como vai você?
Será que quando estas sob efeito da noitada pegas teu telefone e cisma que tem urgência em falar comigo?
E noutro dia minha voz ainda é a tua cura?
Será que ainda pensas nisso?
Quem tem te dado bom dia e boa noite ou desejado que dormisses bem?
Quem tem elogiado tuas ultimas composições?
Esse "não-saber" te despertou inspiração e resultou em alguma letra, melodia e música?
Aparece um dia pra dizer como vai  a tua vida, pois eu ainda gostaria de saber.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Quero ser teu amigo, nem demais e nem de menos,
Nem tão longe e nem tão perto,
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te como próximo, sem medida e ficar sempre em tua vida.
Da maneira mais discreta que eu souber
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar, sem forçar a tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar e sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais, simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso, é tão difícil aprender...
Por isso, eu te peço paciência.
Vou encher este teu rosto de alegrias, lembranças!
Dê-me tempo de acertar nossas distâncias!"

Fernando Pessoa

domingo, 29 de abril de 2012

Alice tem me roubado o siso.


Começo a entender o porquê denominar, sem critério algum, qualquer tipo que se faça inconstante, de bipolar. A verdade é essa mesmo: dois polos que divergem e são mal administrados pelo dono.
Uma inconstância padronizada. Que incomoda, afasta e isola.
Alice não admite, mas no fundo ela sabe que não se trata de transtorno psicológico, enquanto eu entendo e ganho tempo.
Amanhece e o dia parece conspirar a favor.
Ele sorriu, cumprimentou, inquiriu, quis, desejou.
A essa hora o dia é de sol com o cheirinho gostoso da chuva.
As vias são de caminhos de algodão.
Os sons das buzinas vem de harpas pós-moderna. O corpo flutua e as nuvens estão nos pés.
Ele parece não se importar com a cor dos dentes ou a falta de algum deles. Olha pela 23º vez pra ela, como se o corpo esculpisse a essência que há anos procura. Cada milimetrado movimento do olhar  tem a atenção de quem procura uma única pista autoexplicativa do encantamento. As mãos não tem firmeza, parecem nervosas, mas diante da energia que hipnotiza, tudo se torna uma delicadeza despudorada e instigante.
Uma segura forma pudica de seguir em frente com olhos fechados.
As palavras fluem e parecem conversar até mesmo por pensamento. Não estão juntos, mas sabem-se em qualquer lugar. Diálogos são necessários na rotina imprevisível e tamanha sintonia faz o vento passar trazendo o exilar da pele, mesmo separados por curtos demorados quarteirões.
É gostoso conhecer mais uma forma infinita de amar.
A existência, pessoas, compromissos, música, coração, pele parecem ter o mesmo sentido à dois. É como olhar essa vasta imensidão pela mesma visão sem que se combinem. Daí o entrelaçar dos braços tornam-se legos de criança. Os lábios possuem poder de encaixe e fazer o mundo parar de dar voltas.
É intenso, desesperador, langoroso.
Se de uma outra visão a vida é feito comercial de margarina, seria eu e Alice a própria, se derretendo e esvaindo ao entrar em contato com este calor. Nesse momento somos Alice Maria ou Maria Alice. A ordem dos fatores não mais alterará o produto. Mas o importante é o que se é.
Alice diz até logo. Eu sempre penso: "é a ultima vez".
E as vezes é. A maioria das vezes são. Serão. Cada vez traz um "quê" de última vez.
Não me apego à de repentes, percebo mesmo quando não existe, o sorriso da cor amarela, quando o olhar fica distante e as mãos acariciam repetidamente a si mesmo e a própria barba.
A essência já lhe é conhecida e cotidiana. Abundância não desperta a atenção dele. Correr atrás do desconhecido é mais interessante. São fases.
Frases são mal compreendidas e a sensibilidade de outrora abre espaço para a falta de zelo e consideração. Grosseria lhe parece ser tão óbvio que eu passo ter certeza de estar perdendo minha capacidade de individuação. Fico atônita e minhas horas seguintes são destruídas.
É como apertar o botão de queimar liquidificador até chegar ao ponto da indiferença com uma pitada de esquecimento. Um dia uma nova receita é descoberta e o dissabor se inverte.
A apatia me assola por causa de Alice que fica chorosa, mas entre o vai e vem de tantos tamanhos, sinto que ela vem encontrando a medida certa e vem se afastando. Fico triste por ela ter a inocência da ilusão e se maravilhar com flores que nascem entre pedras, enquanto vivo uma realidade antropizada de pedras que jazem imóveis. Mas são apenas pedras. E pedras não ouvem, não falam, não sentem, não morrem. Pedras são pedras. Solitárias.
Nesse jogo de se e não, as pessoas burlam regras, confundem personagens, se desencontram, se perdem e FIM.